sábado, 26 de fevereiro de 2011

Viva Portugal do "deixa andar"

Agora que tanto se fala da "geração à rasca", da "geração nem-nem", dos Deolinda e a sua canção "Parva que eu sou", tudo relacionado com a situação a que uma geração de "políticos iluminados e inteligentes" nos conduziu é URGENTE e NECESSÁRIO publicitar uma letra de uma canção de Paco Bandeira , a qual tem sido "CENSURADA" pelo status vigente e que dá o nome próprio aos bois.

A tal "CENSURA" já não é feita pelo lápis azul mas por outros métodos mais subtis. No entanto, os dias de hoje têm demonstrado que os meios de que dispomos de comunicação e informação por redes sociais e similares podem obviar a tais manobras "subterrâneas".

E as últimas semanas têm sido ferteis em o demonstrar no âmbito internacional.

Eis a letra e atentem ao que chegámos pelo comodismo:

«Viva Portugal do “deixa andar”
Viva o futebol cada vez mais
Viva a Liberdade, viva a impunidade
Dos aldrabões quejandos e que tais
Viva o Tribunal, viva o juiz
E paga o justo pelo pecador
Viva a incompetência, viva a arrogância
Viva Portugal no seu melhor

Refrão:
Viva a notícia, da chafurda social
De que o Povo tanto gosta
Espectáculo da devassa
Viva o delator sem fuça
É a morte do artista

Viva a pepineira do «show-off»
Dos apresentadores de televisão
Viva a voz do tacho de quem vem de baixo
Do chefe do ministro do patrão

E viva a vilanagem financeira
E a licenciatura virtual
Viva a corretagem, viva a roubalheira
Viva a edição do «Tal & Qual»

Refrão
E viva a inveja nacional
Viva o fausto, viva a exibição
Da dívida calada, que hoje não se paga
Mas amanhã os outros pagarão

Viva a moda, viva o Carnaval
olarilas, olarilolé
Viva a tatuagem, brindo à bebunagem
Que vai na Internet e na TV

Refrão
Calem-se o Cravinho e o bastonário
O Medina, o Neto e sempre o Zé
Viva o foguetório, conto do vigário
Que dá p’ra Aeroporto e TGV

Viva o mundo da publicidade
O «share» ou não «share» eis a questão
O esperto da sondagem, o assessor de imagem
Viva o fazedor de opinião»


sábado, 12 de fevereiro de 2011

Balsa - Metrópole Romana do Algarve II

Com a devida vénia transcreve-se do jornal "BARLAVENTO" de 12 de Fevereiro de 2011:

Balsa: Moradias escondem passado de Tavira





Balsa foi uma importante cidade romana portuária da Hispânia, que existiu na atual freguesia de Luz (Tavira), nos terrenos litorais da Torre d'Aires, Antas e Arroio.

A história de Balsa romana inicia-se no século I a.C. e termina no século V ou VI da nossa era. Teve o seu apogeu no século II, chegando a ocupar 47 hectares, dimensão acima da média urbana da província da Lusitânia, a que pertencia.

Destacava-se relativamente a Olisippo (Lisboa), Ossonoba (Faro) e Conímbriga (Condeixa-a-Velha) e era oito vezes maior do que os 5,5 ha da zona amuralhada da Tavira medieval.

Cunhou moeda própria e o nome Balsa registado nestas moedas é o registo mais antigo do topónimo.

Testemunhos anteriores a 1978 descrevem a existência de ruínas romanas muito extensas no local. Desde então, o terreno arqueológico tem sido destruído por trabalhos agrícolas e pela construção de moradias e infraestruturas.

A arqueotopografia revelou estruturas urbanas importantes como um teatro, um cais e um porto interior.

As coleções arqueológicas de Balsa estão espalhadas por museus e acervos privados, destacando-se a do Museu Nacional de Arqueologia, em Lisboa.

No Algarve, há materiais patentes ao público em Faro e Moncarapacho, mas as primeiras investigações no século XX foram feitas em 1977 pelos arqueólogos Maria e Manuel Maia.

Mais tarde, o CAT fez duas sondagens exaustivas ao terreno em 2000 e 2003.

12 de Fevereiro de 2011 09:42
filipe antunes



Balsa - Metrópole Romana do Algarve

Com a devida vénia transcreve-se o texto a seguir dado à estampa no jornal "BARLAVENTO" em 12 de Fevereiro de 2011:

Antiga metrópole romana espera por museu para se mostrar ao público


filipe antunes


Uma década de investigação sobre Balsa deu a Luís Fraga ambição para criar um centro interpretativo. Enquanto aguarda «vontade política», conteúdos recheiam biblioteca digital.

A associação Campo Arqueológico de Tavira (CAT) diz ter um conjunto extenso de materiais sobre a cidade de Balsa prontos a publicar e garante que a documentação por si produzida, nos últimos 10 anos, é já suficiente para fundar um centro interpretativo sobre a herança daquele período do Algarve romano.

Para tal, muito têm contribuído as sondagens e trabalho de investigação desenvolvido pelo geógrafo e investigador do Algarve Romano Luís Fraga da Silva, autor do livro «Balsa, Cidade Perdida».

Numa homenagem ao local, a obra descreve o papel desta grande cidade que existiu nas margens da Ria Formosa, perto de Tavira, e chegou a ser a mais importante do Algarve, com 45 hectares, o que a tornava, à data (século II), maior que Faro (Ossonoba) e Lisboa (Olissipo).

É tendo em conta esta grandeza que o também membro do CAT continua a lamentar o desinteresse das autoridades com responsabilidades na área do património, visto que apenas uma pequena extensão do núcleo arqueológico está protegida.

Ao mesmo tempo, aponta o dedo àquilo que considera «o silêncio secular da Câmara de Tavira sobre a velha cidade» e a sua «incapacidade de a integrar nos dispositivos municipais de promoção cultural e preservação patrimonial».

É, aliás, para evitar esse «esquecimento» que Luís Fraga mantém ativos dois sítios online, um deles exclusivamente dedicado a Balsa, com dezenas de referências e conclusões sobre a investigação por si levada a cabo na última década.

Com uma extensa cartografia, textos históricos e até módulos de uma exposição patente na «Casa André Pilarte», em 2008, o investigador conseguiu já criar um museu online gratuito, pronto a evoluir para um centro interpretativo.

«O CAT já provou que o consegue, através de uma exposição de teste, que não chegou a custar cinco mil euros e pode ou não ser integrada num eventual núcleo romano do Museu de Tavira. É claro que podemos partir para meios de representação 3D mais caros, mas tudo se resume a uma questão de vontade política, uma vez que os conteúdos históricos e arqueológico estão prontos e não precisam de estruturas complexas», nota Fraga da Silva.

E há interesse por parte da população em saber mais? Segundo Fraga, a resposta é «sim», e lança como exemplo uma mostra do CAT realizada durante a feira de Santa Luzia (freguesia nas imediações de Balsa), onde «quase todos os habitantes mostraram ter histórias sobre achados não oficiais em Balsa».

A questão volta a estar na ordem do dia agora que o Museu Municipal de Tavira se prepara para inaugurar, na Páscoa, o seu Núcleo Islâmico, ao qual se seguirá a musealização de uma muralha fenícia.

Em declarações ao «barlavento», fonte do Gabinete de Apoio à Presidência explicou que o assunto de Balsa «não está esquecido», apesar de «terem sido definidas prioridades».

Segundo a mesma fonte, qualquer musealização que venha a ser feita sobre Balsa ou do período romano da cidade «deverá ser constituída em paralelo com o museu municipal, de forma a estruturar a promoção cultural e histórica da cidade».

Apesar de concordar com este modelo integrado, para Luís Fraga o que mais importa é voltar a chamar a atenção para a importância de Balsa, «que continua ameaçada por apetites imobiliários» e «não pode continuar a ser circunscrita à Torre de Aires».

«A zona da Torre de Aires é um dos maus exemplos de conservação, pois uma parte da quinta foi arrasada a bulldozer», frisa o geógrafo histórico, que continua a alertar para a necessidade de integrar Balsa numa zona de proteção mais extensa.

«À exceção de uma pequena faixa, a maior parte dos vestígios arqueológicos estão em terrenos privados, sem qualquer proteção legal», diz.

De acordo com o membro da direcção do CAT, um quinto da cidade romana ainda está «enterrada e intacta», como é o caso da zona das Antas.

12 de Fevereiro de 2011 09:41
filipe antunes



quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

China e Ciência: Metas para 2020

Transcreve-se com a devida vénia o artigo dado à estampa no Scientific American de 1 de Fevereiro de 2011, onde se assinalam as metas que o governo chinês pretende alcançar em 2020 para o seu país em termos de Ciência.

China sets 2020 vision for science
Goals include commercialization of research and emphasis on energy, biomedicine and information technology.

February 1, 2011 5



By Jane Qiu


China is betting that an ambitious program of applied research will help to secure its future as an economic superpower. Innovation 2020, unveiled last week by the Chinese Academy of Sciences (CAS), maintains support for basic research. But the plan will place a new emphasis on translating the research into technologies that can power economic growth and address pressing national needs such as clean energy, said Bai Chunli, vice-president of the CAS, at the academy's annual conference in Beijing, where the plan was announced.


Innovation 2020 is an extension of the Knowledge Innovation Programme (KIP) launched by the CAS in 1998. Under the KIP, the academy streamlined its often overstaffed and outdated institutes, attracted outstanding Chinese researchers who had trained abroad, and tightened up the way it evaluated project proposals and performance. But the CAS now needs to support new priorities, says Duan Yibing, a policy researcher at the CAS Institute of Policy and Management in Beijing.


China has become a global economic power, and the world's financial crisis has made scientific innovation more important to economic success than ever before, he says. "Things are a lot different now compared to 13 years ago."


Although the budget of Innovation 2020 is yet to be announced, insiders say it will be part of a continuing surge in the nation's science spending (see "Spend, spend, spend"). Indeed, the CAS's expenditure on research and development (R&D) in 2009 was about 20 billion renminbi (US$3 billion), seven times the level in 1998, according to a KIP assessment report also released last week. This year's budget for the National Natural Science Foundation of China will increase by 70 percent, from 10 billion renminbi last year.


Innovation 2020 will kick off with new projects this year in seven key areas, including nuclear fusion and nuclear-waste management; stem cells and regenerative medicine; and calculating the flux of carbon between land, oceans and atmosphere. Other priority areas include materials science, information technology, public health and the environment.


To coordinate resources better and to foster multidisciplinary research, the academy will set up three research centers for space science, clean coal technologies and geoscience monitoring devices. It also plans to build three science parks--in Beijing, Shanghai and Guangdong province, respectively--to accelerate the conversion of basic research into marketable products, especially in renewable energy, information technology and biomedicine.


Pan Jiaofeng, deputy general secretary of the CAS, says the KIP's track record bodes well for the success of the new program. By the CAS's reckoning, in 2009, researchers that it funded published 3.5 times as many papers in journals listed by the Science Citation Index (SCI) as in 1998. Crucially, the number of papers published in the top 1 percent of SCI journals, as judged by their impact factor, was 12 times that in 1998. The CAS also calculates that research and development by the KIP generated an income of 140 billion renminbi and tax revenue of 22 billion renminbi in 2009--respectively 19.5 and 14.5 times the levels in 2000.


But the report acknowledges that there is substantial room for improvement. For example, CAS researchers should aim to become leaders of the international scientific community, and shift their focus away from generating as many papers as possible and towards genuine originality and innovation.


With its emphasis on applied research, the new initiative also "presents a major challenge to the management and organizational capabilities of the academy," says Richard Suttmeier, a science-policy researcher at the University of Oregon in Eugene. He notes that most CAS institutes are focused on academic disciplines and lack the infrastructure needed for commercializing research or directing it towards national needs.


Others think that the emphasis on applied research, national needs and revenue could stifle curiosity-driven research. Without that, says a Shanghai-based researcher who declines to reveal his identity, "it would be very difficult to have genuine innovation."