domingo, 17 de outubro de 2010

Autarquias - Equipamentos Sociais/Lazer

Todos nós sabemos como tudo se passa neste capítulo quando estamos em tempo de promessas, que é com quem diz, em tempos de eleições.

Nessa altura, os candidatos a futuros caciques locais, efectuam todo o tipo de promessas para obter o voto dos seus eleitores locais. Os seus programas eleitorais estão bem fornidos de promessas, de todo o tipo, mesmo que muitas delas não façam qualquer sentido ou que muitas delas não sejam exequíveis face ao orçamento da autarquia.

Um dos capítulos em que as ofertas/promessas normalmente atingem o seu máximo é no que podemos genericamente designar por equipamento social. Este capítulo é normalmente dos mais bem recheados em termos de promessas até porque é o capítulo onde se podem extrair maiores dividendos eleitorais face ao âmbito em relação aos eleitores.

Prometer melhor assistência na saúde até é fácil: não depende da autarquia mas do Ministério da dita e qualquer falha rapidamente será assacada ao dito.

Prometer melhor assistência social até é fácil: não depende da autarquia mas do Ministério da Segurança Social ou de uma IPSS. Também aqui qualquer falha será alheia à autarquia.

Prometer melhor cultura também não é difícil. Normalmente existe um museu, uma biblioteca e um auditório, pelo que umas exposições de uns artistas que até agradecem, uns livros e umas palestras na biblioteca também são fáceis de organizar e no auditório dois ou três espectáculos mensais acrescido de uma ou duas conferências por mês e está o programa de promessas preenchido.

Resta-nos aquilo que vulgarmente se designa de equipamento social - lazer - movimento.
Poderemos imaginar que nesta rubrica, normalmente apresentada como um grande investimento e números sonantes, que teremos um espaço público, arborizado, aprazível e extenso, onde sejam possíveis várias actividades de movimentação, tal como agora são anunciadas como essenciais para a saúde dos munícipes, tais como marcha, corrida, ginástica e outras, efectuadas num autêntico pulmão do município.

É exactamente o tal tipo de actividades que levam o indivíduo não só a mover-se, como a arejar os seus pulmões com oxigénio puro do ar não poluído desse espaço, combatendo todo aquele tipo de problemas que a inactividade e falta de contacto com um ambiente sadio normalmente nos assolam.

E quando olhamos os números orçamentais prometidos nos tais programas eleitorais a nossa esperança de equipamentos capazes cresce a olhos vistos. Se calhar a tal pista em volta do tal parque onde poderei fazer o meu circuito de bicicleta ou a minha marcha, já não falando de corrida de fundo.

Uma vez eleitos o que é fornecido em troca do voto?

O tal parque, limita-se a meia dúzia de árvores raquíticas, envolvidas em pavimento cimentado que a relva é cara e custa dinheiro para a sua manutenção, encravado no meio de um amplo estacionamento. Só foi possível porque o tal local não dava para ser aproveitado para estacionamento.

E a tal pista, que no orçamento aprovado tinha números de sete ou oito algarismos, são as vias públicas do município, por sinal as de entrada e saída do mesmo e por isso com mais trânsito, onde foi pintado um traço azul ao longo das mesmas acompanhados a espaços por um desenho a branco de uma bicicleta.

Temos que convir que a lata de tinta azul, o rolo de pintura, o molde da bicicleta, a lata de tinta branca e o respectivo pincel, são investimentos de valor elevado aos quais o munícipe, atento venerador e obrigado, está agradecido.

Quanto a aquela recomendação dos técnicos de saúde de efectuar exercício em locais arejados e limpos, não há nada mais conforme do que uma via de trânsito, cheia de escapes de veículos automóveis expelindo anidrido carbónico misturado com hidrocarbonetos provenientes de combustões imperfeitas.

E o oxigénio ?

Bom! Não há mundos perfeitos.

Se não sentir a falta encha-se bem daquela "saudável mistura de gases". Se se sentir atrapalhado, quando chegar a casa ponha a máscara de oxigénio e abra a respectiva garrafa para "descarbonizar".

Acima de tudo não seja ingrato e não reclame junto do seu cacique local das promessas não cumpridas. Afinal de contas são apenas promessas!

Quanto às verbas: schiu!!! (Não se meta nisso que não tem vida para isso).