quarta-feira, 4 de novembro de 2020

Carta aberta ao Presidente da República Portuguesa

 Com a devida vénia transcreve-se a carta aberta publicada pelo Observador em 3 de Novembro de 2020.

Entenda que quiser, tire as conclusões que gostar!


Observador

Ricardo Furtado

Carta aberta ao Presidente da República

Vós, dirigentes que nos governam, estais a criar uma situação explosiva. O sentido de raiva, de ódio, de revolta está a apoderar-se dos cidadãos.

03 nov 2020, 00:0249

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Desde Março que sou Sueco!

Sou um pequeno agricultor, economista de formação e apesar de filho de médico, não percebo nada do assunto, nem tenho pretensões a tal. Um típico conservador do mundo rural!

Claro que passei e passo por grandes dificuldades, mas tenho conseguido honrar todos os meus compromissos, tenho conseguido que nada falte às minhas filhas, mas tenho séria dúvidas de que terei condições para avançar com a próxima campanha agrícola.

Rudolf Vinchow, o médico alemão considerado o “pai” da anatomia patológica, definiu uma epidemia como um fenómeno social que tem algumas questões médicas.

Os médicos dizem que não há economia sem saúde e eu acrescentarei que também não há saúde sem economia.

Como diz o povo, o pior cego é aquele que não quer ver e, passados oito meses, os nossos especialistas, temos um país cheio deles, ainda não se aperceberam (ou fingem que não sabem) que este vírus é imparável e que quase todos nós vamos ser infectados. Felizmente, a maioria nem sabe se esteve ou está infectada.

Na minha humilde opinião, apenas temos a opção de saber viver com o vírus, deixar a população activa fazer a sua vida (recordo que morreram 100 pessoas com menos de 60 anos) e empenharmos todos os nossos recursos na protecção dos mais vulneráveis.

De uma forma geral, quem são os mais vulneráveis?

Os idosos, que temos e teremos que fazer tudo para que não sejam infectados. Saliento que, desde Março, não abraço, beijo e almoço com os meus pais que têm mais de 80 anos.

As crianças, que nunca deveriam ter deixado de frequentar as escolas. Mais do que um local de aprendizagem, é um local de convívio, de socialização, ou seja, de brincadeira!

No último jogo de futebol Portugal-Suécia, perguntei à minha filha mais nova, com sete anos, quem é que ela queria que ganhasse. A resposta foi clara e imediata: a Suécia, porque gostaria de viver lá. Porque lá, as escolas não fecharam.

Uma sociedade que não os protege não é digna!

Sou um adepto da estratégica da Agência de Saúde Pública Sueca, do epidemiologista chefe Andreas Tegnell e de um dos seus conselheiros Johan Gieseche. As pessoas inteligentes abordam as questões complexas de uma forma simples.

Na Suécia, as orientações foram definidas para uma maratona e, desde então, pouco ou nada foram alteradas. Foram simples, claras e baseadas no dever cívico e numa política de comunicação assente na verdade. Quando a situação piora, as autoridades apenas relembram à população as regras que devem ser cumpridas. Passo a enumerá-las:

Protejam-se;

Protejam essencialmente os mais vulneráveis, que foram aconselhados a manterem-se resguardados;

Distanciamento físico, que é mais importante do que o uso de máscara (o seu uso tende a substituir o distanciamento);

Promoção do teletrabalho;

Higiene, nomeadamente lavar as mãos, algo que aprendemos há 150 anos.

Tudo simples, fácil de compreender e amplamente aceite pela população, para que as mesmas fossem cumpridas por um longo período de tempo, retirando o mínimo de direitos e liberdades aos cidadãos.

A imunidade de grupo nunca foi o objectivo, mas, na minha opinião, ela será uma consequência. Sempre disseram que o número de mortes será semelhante em todos os países europeus e que as comparações devem ser realizadas, não agora, mas daqui a um ou dois anos.

No fundo, encararam o problema de frente, foram audazes e a “sorte protege os audazes”.

Claro que nem tudo correu bem. Os primeiros meses foram muito complicados. Muitos suecos regressaram em Janeiro, Fevereiro e Março das estâncias de esqui, de viagens de trabalho e o vírus rapidamente entrou nos lares e na casa dos mais idosos. Após esta fase, assumiram o erro e de imediato e decidiram realizar um inquérito para saber onde tinham falhado (recordo que esse inquérito estava planeado para o final da “história”) e agiram em conformidade para corrigir as falhas.

Os serviços de saúde suecos não descuraram as outras doenças, as escolas não foram encerradas para os alunos até aos 16 anos. Os infectados sem sintomas vão trabalhar e os alunos sem sintomas continuam a ir à escola. Em ambiente hospitalar e na maioria dos actos, os médicos não usam máscara. As pessoas não são perseguidas nem vigiadas pela polícia. Não desvalorizam a perigosidade do vírus, mas não deixam que ele domine as suas vidas!

Por defeito de formação, tendo a analisar as minhas decisões numa análise custo-benefício. Não desejo que ninguém morra, nem da Covid-19, nem de outras doenças, mas sei que morrem em Portugal cerca de 130 mil pessoas por ano. Este ano, e desde Março, a meados de Outubro tinham mais 8700 pessoas do que a média dos últimos cinco anos, dos quais apenas 2500 do vírus VIP. Na Suécia, o acréscimo de mortalidade vai em cerca de seis mil. A história ainda vai meio e já temos cerca de 2700 mortos a mais do que a Suécia.

Em Portugal, nunca nos disseram toda a verdade. Os meios de comunicação social apresentaram o vírus como algo que dizimaria toda a população. Assim, nem foi preciso decretar o confinamento, pois já estava tudo confinado e aterrorizado. Por cá:

As escolas fecharam. As crianças ficaram fechadas em casa a olhar para um ecrã de computador ou de um telemóvel. As consequências vão ser devastadoras!

Retiraram a liberdade das pessoas de decidiram que riscos elas estavam dispostas a correr.

Nem vale a pena enumerar a quantidade de actos médicos cancelados.

Os hospitais não tinham ventiladores. Agora já nos dizem que não há médicos nem enfermeiros. Talvez daqui a um mês tenhamos que ir para casa porque faltam lençóis. O que andaram a fazer durante oito meses?

Pediram todo o esforço à população como se isto fosse uma corrida de 100 metros. Como faço surf há já 32 anos, aprendi que não se deve remar contra a corrente porque quando ela passar já não teremos força nem ânimo para chegar a terra firme.

Os conteúdos informativos são próprios de ditaduras. Seguem alguns exemplos:

Pivôs da televisão a darem-nos conselhos paternalistas para ficarmos em casa quando eles ganham dezenas de milhares de euros, provavelmente têm contas bancárias recheadas e porventura encomendam as refeições pela internet onde o estafeta já podia circular.

Criticas ao pai do primeiro-ministro britânico quando disse que até poderia ir a um bar se achasse que o dono deste necessitasse que ele lá fosse.

O Dr. Diogo Cabrita, médico cirurgião no Hospital dos Covões afirmou: “Um infectado de coronavírus sem sintomas não é um doente” … “isto não é Medicina”. Que eu saiba, nunca mais apareceu na televisão.

A propósito dos dados estatísticos suecos, um jornalista disse que os Suecos “vivem na ignorância”.

Um outro pivô insinuou que a estratégia sueca se baseou em deixar morrer os velhos.

No final de uma entrevista com uma médica da ala Covid, a jornalista diz: pedia-lhe que falasse agora dos casos mais graves para também termos uma função mais pedagógica.

O Prof Dr. Manuel Antunes disse: “75% dos médicos estiveram num período de férias”. Não que eles o desejassem, mas porque as autoridades assim o decidiram. Nunca mais o vi no ecrã da minha casa.

Por cá, só os grandes especialistas têm voz:

Um famoso médico, pertencente ao gabinete de crise da Ordem dos Médicos, disse em Junho ou Julho que tinha sido enganado pela OMS, pois, afinal, os assintomáticos transmitem a doença. Fiquei indignado porque, como já o referi, eu não almoço com os meus pais desde Março. O mesmo especialista criticou os suecos porque a economia deles também entrara em recessão e não tinham conseguido atingir a imunidade de grupo. Aconselho-o a não se preocupar com eles.

Em Outubro, o bastonário da Ordem dos Médicos disse que anda há três ou quatro meses a alertar para a gravidade do cancelamento dos actos médicos não Covid. Deveria acrescentar um pedido de desculpas por não o ter feito desde o início.

Em finais de Setembro, um outro especialista afirmou que o seu estudo indicava que em Outubro as infecções diárias chegariam aos mil casos. Talvez fosse melhor contratar um matemático para não errar tanto.

A propósito da lei sobre o uso obrigatório de máscara, no dia 27 de Outubro, o director nacional da PSP afirmou, num tom ameaçador: “Esses cidadãos vão ter que cumprir as regras, queiram ou não queiram.”

O movimento cívico “Médicos pela Verdade” não pode expor as suas ideias. Penso que, no essencial, salientam o exagero da importância dada ao coronavírus em detrimento das outras doenças. Penso que também defendem o não uso generalizado de máscaras. Parece-me algo parecido com as recomendações suecas. Como pôde a Ordem dos Médicos instaurar um processo disciplinar a estes profissionais, quando eles defendem medidas parecidas com aquelas que foram adoptadas num dos países mais desenvolvidos do mundo?

No Dia Mundial da Saúde Mental, uma directora da pedopsiquiatria de um dos maiores hospitais do país aconselhou que as crianças não vissem as notícias algo exageradas dos noticiários. Eu alteraria algo exageradas para aterrorizadoras.

Realço que Andreas Tegnell afirmou, recentemente, que um milhão de mortos é um valor relativamente baixo. Eu acrescentaria que morrem todos os anos entre 400 a 500 mil crianças por malária e que todo este exagero nas restrições está a provocar a morte diária de milhares de crianças.

Como descendente de Goeses e conhecedor da realidade indiana, acrescentaria também que tenho a plena convicção que por lá morrerão menos de Covid-19 do que de acidentes rodoviários.

Não queria deixar de dar uma palavra de gratidão ao Dr. José Miguel Júdice, que consistentemente tem alertado para o clima de terror que nos tentam impor. Espero que não o consigam silenciar.

Ninguém tem o direito de confinar um pai que não tem dinheiro para alimentar os seus filhos e os Suecos não o fizeram!

Vós, dirigentes que nos governam, estais a criar uma situação explosiva. O sentido de raiva, de ódio, de revolta está a apoderar-se dos cidadãos. O mais provável é que uma conversa entre um funcionário público adepto do confinamento com um trabalhador do sector privado, com uma opinião contrária, termine à pancada! Os extremos crescem.

Assistimos em directo ao desmoronamento das nossas sociedades.

Para terminar, relembro a última aparição pública da Rainha Isabel II, sem máscara e cumprindo todas as regras básicas de distância físico (os cumprimentos não foram feitos com cotoveladas, mas com sorrisos).

Na minha insignificante opinião, Vossa Excelência e todos os outros dirigentes irão ficar no lado errado da História.

Mas, mais vale tarde do que nunca!

Substituam os dirigentes da saúde.

Enviem para os hospitais, todos esses médicos que nos atormentam.

Peçam conselhos aos sociólogos, aos economistas, aos psiquiatras e a muitos mais e, por fim, também aos outros médicos que pensam de uma forma diferente.

Requisitem todos os recursos de saúde, quer sejam públicos, sociais ou privados. Façam tendas de campanha, transformem hotéis vazios em hospitais…

E não percam tempo nem recursos em ameaças à população, não coloquem os polícias a perseguirem-nos, esqueçam os rastreios epidemiológicos (que nunca foram suficientemente eficazes) e não nos confinem.

Na linha da frente de toda esta história, não estão os médicos, não estão os agricultores, não estão os estafetas, não estão os funcionários dos hipermercados, não estão os …, mas sim os confinados sem recursos!

Adaptando as palavras de Bernard-Henri Lévy, no seu livro Este vírus que nos enlouquece:

“Esta é a razão da minha fúria.
E é ainda a razão pela qual é preciso resistir a esse vento de loucura que sopra pelo mundo!”

Essa loucura que a rainha Isabel II quis sinalizar.

Essa resistência que me obrigou a escrever esta carta.


quinta-feira, 30 de abril de 2020

Pressão atmosférica - Barómetro primitivo

Uma referência interessante acerca da necessidade de avaliar a pressão atmosférica na actividade náutica.

Ninguém duvida que após a invenção do barómetro, tal como hoje o conhecemos, a actividade náutica passou a de dispor de um instrumento de grande utilidade permitindo ao navegador saber da situação no momento da pressão atmosférica e avaliar as condições meteorológicas expectáveis.

Todos nós sabemos que uma situação de pressão atmoférica alta está associada a condições meteorológicas de bom tempo enquanto que uma pressão atmoférica de valor baixo significa uma condição de mau tempo, de tempestade.


Ora Peter Trickett no seu livro "Beyond Capricorn" a páginas 86 escreve:

»»»The forerunner of the modern barometer was not invented until 1643. Instead, Portuguese pilots in the sixteenth century employed a curious form of 'live' barometer consisting of a leech swimming in a bottle of spring water. The position of the leech in the bottle on any given day was held to predict the weather. The system was more sophisticated than it might sound. There were no fewer than nine recognised positions for the leech, and navigators memorised a set of nine rhyming verses to remind them of what each position foretold. As a rule of thumb, the finer the impending weather, the lower in water the leech would swim. Conversely, if the leech climbed high in the bottle it would be a warning of stormy weather on the way.«««

O que se traduz:

»»»O antecessor do moderno barómetro só foi inventado em 1643. Apesar disso, os navegadores Portugueses (pilotos) no século dezaseis usavam um tipo de barómetro "vivo" o qual consistia numa sanguessuga dentro de uma garrafa cheia de água doce. A posição que a sanguessuga tomava dentro da garrafa permitia prever as condições meteorológicas. O sistema era bastante mais sofisticado do que pode parecer. Existiam nada menos do que nove posições que a sanguessuga podia tomar, e os navegadores memorizavam um conjunto de nove versos que indicavam qual a previsão em função da posição da sanguessuga. Como regra empírica básica, quanto melhor sejam as condições meteorológicas futuras, o mais no fundo da água a sanguessuga nadará. Inversamente, quanto mais à superfície se encontrar a sanguessuga maior será a tempestade que se aproxima.««« 

Os factos que o autor se refere no seu livro desenvolvem-se no primeiro quartel do século dezaseis mas as técnicas usadas e desenvolvidas pelos navegadores portugueses têm origem no século quinze com todas as capacidades da época. No caso vertente será um aproveitamento empírico de um fenómeno observado.

O que se pode concluir é que, 150 anos antes do aparecimento do primeiro modelo do barómetro moderno já existia uma possibilidade, arcaica e limitada, de resolver o problema da possibilidade de previsão meteorológica.

segunda-feira, 27 de abril de 2020

Carta aberta ao Presidente da República

Com a devida vénia transcreve-se o seguinte texto publicado no OBSERVADOR:
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Doutorado em Modelação de Doenças Pulmonares pela Universidade de Tromso, Noruega
Carta Aberta ao Presidente da República sobre a crise sanitária
As estimativas de alguns dos maiores especialistas são que a taxa de letalidade do vírus é muito inferior ao estimado e logo o risco é, também, muito inferior. Não se trata de uma calamidade sanitária
26 abr 2020, 21:43472

Excelentíssimo Senhor
Presidente da República Portuguesa
Professor Doutor Marcelo Rebelo de Sousa
Assunto: Carta aberta sobre a crise sanitário-política actual. Pedido de levantamento do Estado de Emergência, suportado pelo número crescente de evidências científicas que sugerem a irrelevância atual das medidas de contenção social
O meu nome é André Dias. Sou Doutorado em Modelação de Doenças Pulmonares pela Universidade de Tromso, na Noruega, casa do Centro Norueguês de Telemedicina parceiro de referênca da OMS. Desenvolvi o trabalho experimental no Instituto de Estatística médica e Epidemiologia da Universidade Técnica de Munique em colaboração com o Helmoholtz Zentrum Munique, uma das mais prestigiadas instituições do mundo na área de investigação em epidemiologia. Perante a crise sanitária-política que vivemos, sinto ser meu dever escrever a V. Ex.ª, tanto na qualidade profissional de alguém que em tempos trabalhou temas próximos da virologia e da epidemiologia, como de cidadão português consciencioso e preocupado.
Como sabe, no momento em que a Covid-19 chegou ao nosso país, os conhecimentos existentes sobre o vírus eram muito escassos. Todos os modelos desenvolvidos para estimar as possíveis consequências do desenvolvimento da doença tinham carácter sobretudo especulativos e, como tal, provisórios – como, aliás, todos os modelos sempre têm.
Um desses modelos, desenvolvido pelo Imperial College, apresentou grandezas numéricas de ordem catastrófica para a vida humana. Por ter sido um dos primeiros e por ser proveniente de uma instituição prestigiada, esse estudo foi o que exerceu maior influência académica sobre os governos, os quais se sentiram tanto pressionados como legitimados a agir no sentido da prevenção e defesa da saúde dos seus cidadãos. Hoje, a generalidade dos cientistas e especialistas externos que tiveram acesso a esse documento – o qual não havia sido publicado nem revisto por pares — encontram-lhe erros grosseiros que colocam em causa a sua validade.
Em simultâneo, temos agora suficientes evidências científicas para afirmar com relativa confiança que as consequências da epidemia são e serão muito inferiores às previsões catastrofistas iniciais. Alguns estudos sugerem mesmo que a taxa de mortalidade da Covid-19 é pouco superior à da gripe comum.
Os testes de anticorpos que têm sido realizados são objetivos e claros. As estimativas de alguns dos maiores especialistas mundiais e de algumas das instituições mais consagradas no campo da epidemiologia são coerentes. Uma larga percentagem da população – entre 50 a 85 vezes mais do que até agora julgávamos – pode já ter sido inoculada pelo vírus. Como tal, a taxa de letalidade é muito inferior ao estimado e logo o risco é, afinal, muito inferior. As melhores estimativas de taxa de letalidade colocam-na abaixo dos 0,36%. Não se trata de uma calamidade sanitária.
Para conveniência de V. Ex.ª, incluo ligações para alguns estudos e declarações formais ou informais de alguns destes especialistas, estando longe de ser exaustiva, sendo antes indicadores de uma tendência, em anexo.
Tendo em conta os nossos conhecimentos atuais sobre a Covid-19, sabemos hoje que as medidas preventivas de contenção já não são necessárias sob um ponto de vista sanitário, e que, como tal, deveriam ser imediatamente levantadas. Outros tantos estudos sugerem ainda que as medidas preventivas serão mais danosas para o tecido social do que a própria doença, podendo mesmo ser  associadas a um número superior de óbitos a médio e longo prazo.
No entanto, estou ciente de que, a par do problema sanitário, temos agora um problema psicológico: os cidadãos estão com medo. Mesmo que a perigosidade percepcionada do vírus seja ilusória, o medo instalado é real e dificulta a interpretação racional dos dados atuais.
Compreendo pois que os nossos governantes tenham de agir com cautela. O cessar das restrições, do isolamento social, da quarentena, terá porventura de ser faseado para evitar o descrédito nas instituições governamentais e o aviltamento do medo ou outras emoções negativas entre os cidadãos. Confio no bom-senso de V. Ex.ª e dos nossos governantes para tomar as melhores decisões no sentido do restabelecimento da normalização da vida quotidiana, da defesa das liberdades individuais e da plena restauração dos direitos de cidadania.
Expresso deste modo o meu humilde contributo e apoio político ao levantamento do Estado de Emergência por parte de V. Ex.ª, bem como de um discurso que vise desdramatizar a situação, a partir das evidências científicas que agora nos assistem.
Submeto ainda a minha inteira disponibilidade a V. Ex.ª para prestar quaisquer contributos adicionais, bem como submeter os meus conhecimentos especializados ao serviço dos portugueses.
Com os meus melhores cumprimentos,
André Dias, PhD
Algumas opiniões de especialistas:
·         John Ioannidis um dos mais citados epidemiologistas no mundo. Vídeo 1 e vídeo 2.
Alguns estudos com resultados relevantes na avaliação do risco, que indicam muito mais casos que os conhecidos, logo diminuindo dramaticamente as estimativas de letalidade conhecida:
·         California, Santa Clara
·         Karneval at Sickengen, Germany
·         Dinamarca
·         Holanda 1
·         Holanda 2
·         Finlândia
·         Islândia
·         Heinsberg Bonn, Germany
·         Chelsea, USA
·         Mulheres grávidas, NYC, USA
·         Coreia do Sul
·         Cruzeiro Diamond Princess
·         CORONAVÍRUS 
·         PRESIDENTE DA REPÚBLICA 
·         SAÚDE PÚBLICA 
·         SAÚDE 
·         POLÍTICA





domingo, 26 de abril de 2020

No dia seguinte ao 46º aniversário

No dia seguinte ao do aniversário do golpe de estado do 25 de Abril, tão dignamente comemorado na forma tradicional no "ex-convento de S. Bento" conforme o seu maioral inovou veiu ter à mão um texto de Sun Tsu que aqui compartilho:

SNU TZU DISSE

EXISTEM, PARA O GENERAL, CINCO PERIGOS:

DECIDIDO A MORRER, PODE SER MORTO.

DECIDIDO A VIVER, PODE SER CAPTURADO.

COLÉRICO, PODE SER ESPICAÇADO.

PURO E HONESTO, PODE SER HUMILHADO.

COMPADECIDO, PODE SER ATORMENTADO.


Vamos aguardar os próximos 364 dias pela 47ª inovação das comemorações.

domingo, 6 de outubro de 2019

Os Aeroportos de Portugal na época do primeiro quartel do século XXI

O texto que se segue foi retirado, com a devida vénia, da revista Exame Informática Nº292 (Outubro de 2019).

MONTIJO JÁ SUPEROU AEROPORTO DE BEJA

O Governo anunciou que vai investir num sistema de hologramas e realidade virtual que vai permitir que todos os habitantes de Beja tenham a ilusão de que há aviões comerciais que aterram no aeroporto local.
O mesmo sistema vai ser instalado no futuro aeroporto do Montijo, mas com o objectivo de levar os turistas a acreditarem que estão em Beja e não estranharem o custo das viagens de táxi que lhes vão cobrar nas viagens para Lisboa.


quarta-feira, 20 de novembro de 2013

As Procissões em Olhão

Para uma divulgação esclarecida do património cultural local transcreve-se o artigo com o título supra do jornal "O Olhanense" no seu número 1078 do Ano 51, publicado com a data de 1 de Novembro de 2013.



As Procissões em Olhão

 

Olhão sempre se caracterizou por ser uma terra de gente do mar, quer em navegações de cabotagem e comércio, quer em pesca de diversas artes e zonas de mar, umas próximas, outras bem mais longínquas.

A gente do mar, uns mais outros menos, sempre são devotos, fruto das suas andanças e passagens nem sempre fáceis. Daí que as manifestações religiosas fossem sempre bastante concorridas.

 Não é por acaso que ainda nos dias de hoje a capela de devoção ao Senhor dos Aflitos continua a ter mostras diárias dos sentimentos de muitos dos seus habitantes.

Outro tipo de manifestação religiosa, – a procissão -  que também tinha muitos devotos, com gentes do mar a disputar a honra de poderem levar certos andores, pendões e estandartes.

Lembro-me perfeitamente delas, do seu longo percurso e do sermão final antes de recolher de novo à Igreja Matriz.

Estamos a falar dos tempos de sacerdotes que à frente da paróquia marcaram toda uma época como foi o caso do padre Delgado, do cónego Falé, entre outros.

Com o evoluir dos tempos as procissões começaram a deixar de ter participantes em número suficiente, com os párocos a afirmarem que já não havia gente para os andores e a procissão não se fazia ou então teria um curto percurso pela Avenida da República.

Por vezes, em muitos paroquianos, ficava a dúvida se tal se devia apenas às modificações de usos e interesses que a sociedade vai sempre sofrendo com o desenrolar dos tempos ou se seria consequência de ressentimentos a algumas atitudes que no dia a dia por vezes alguns priores assumiam.

Felizmente com a vinda do actual pároco, essa tendência tem vindo a ser invertida, com mais paroquianos a colaborar, pelo que já tivemos ultimamente manifestações desse cariz com trajecto digno, voltando a apresentar-se o cortejo perante a frente da ria.

O trajecto agora considerado não foi o tradicional de muitas décadas o que deixou algumas dúvidas nas fontes conselheiras do padre Manuel.

Sempre foi intenção que o cortejo processional passasse por algumas ruas dos dois bairros mais tradicionais de Olhão, o bairro do Levante e o bairro da Barreta. Nesta última versão apenas o bairro da Barreta foi considerado no percurso tendo sido esquecido o bairro do Levante.

E para que a memória perdure a seguir se descreve o trajecto completo das procissões olhanenses.

Iniciava-se a formação do cortejo na frente da Igreja Matriz, na Praça da Restauração, seguia pela Rua Capitão João Carlos de Mendonça, passando-se ao lado do Compromisso Marítimo e Igreja da Soledade.

Depois de passar frente à farmácia Pacheco, que até há pouco ali teve as suas instalações, inflectia para a direita, entrando na Rua Dr. Miguel Bombarda.

Ao entrar nesta rua a procissão percorre parte do bairro da Barreta, sendo este um dos mais antigos bairros de Olhão.

No final da Rua Dr. Miguel Bombarda a procissão virava à esquerda seguindo pela Rua do Dr. Pádua em direcção à Rua de João de Deus e através da Travessa dos Mercadores desembocava na Rua Teófilo Braga. Continuando por esta até ao Largo Patrão Joaquim Lopes a fim de alcançar a frente da Ria.

Do Largo Patrão Joaquim Lopes, atravessava a Avenida 5 de Outubro, passava entre os mercados chegava a procissão em frente à Ria. No Bate-Estacas os andores eram colocados lado a lado e de frente para a Ria.

Seguia-se a cerimónia da bênção do mar e dos barcos, os quais estavam todos engalanados frente aos mercados e marcavam o seu regozijo após a bênção através dos seus apitos e buzinas.

No prosseguimento do percurso, contornava-se pelo lado sul o mercado da verdura regressando à Avenida 5 de Outubro em direcção à Rua Dr. Francisco Fernandes Lopes, para entrar no bairro do Levante.
 
A Rua Dr. Francisco Fernandes Lopes desemboca, na sua parte norte, na confluência das Ruas de S. José e de João Francisco. Uma vez aqui chegada a procissão tomava pela esquerda entrando na Rua de S. José e voltava depois à direita na Travessa de S. José.

Após percorrer esta travessa a procissão virava à esquerda para agora seguir pela Rua de S. Pedro em direcção a Rua Vasco da Gama, virando então para a direita e uma vez percorrida esta rua, desembocava na Avenida da República, junto ao quiosque ali existente.

De notar que à época quer a Rua de S. Pedro (a parte percorrida pela procissão), quer a Rua Vasco da Gama, eram vias com trânsito e não pedonais como hoje o são.

Ao desembocar na Avenida da República terminava a passagem do cortejo processional pelo bairro do Levante.

Na Avenida da República, seguia-se até ao Jardim João Serra (sentido do trânsito) regressando-se de novo ao início da Avenida junto ao Senhor dos Aflitos.

Nesse local era efectuado o sermão final, recolhendo-se posteriormente à Igreja Matriz através da Rua Capitão João Carlos de Mendonça e Praça da Restauração.

Sempre que as condições climatéricas intervinham em desfavor do cortejo o percurso pela Avenida da República era reduzido e o sermão final abreviado.

Agora que é chegado o final destas manifestações para o presente ano de 2013, e até começar a época do próximo ano, existe tempo para corrigir as actuais manifestações religiosas trazendo-as para a boa tradição que sempre foi o orgulho do povo olhanense.

Façamos votos para que com esta tentativa de regresso a algo que era uma imagem de marca de Olhão, sendo falados os cortejos processionais em comparação com outros de localidades próximas, não só se reavive as intenções religiosas que estes actos envolvem como aumente o interesse por visitar esta linda cidade e conhecer as suas gentes e tradições.

 PM



 

 

quarta-feira, 6 de março de 2013

Portugal no Século XXI

Na situação actual, vigente no Reyno de Portugal do século XXI, não posso deixar de reproduzir o que em uma parede de Toledo um azulejo informa o passeante.

A tradução obedece com fidelidade ao que o castelhano nos mostra!

A Sociedade é assim:
 
O Pobre Trabalha
 
O Rico Explora-o
 
O Soldado Defende os dois
 
O Contribuinte Paga pelos três
 
O Vagabundo Descansa pelos quatro
 
O Bêbado Bebe pelos cinco
 
O Banqueiro "Esfola" os seis
 
O Advogado Engana os sete
 
O Médico Mata os oito
 
O Coveiro Enterra os nove
 
O Político Vive dos dez